Doenças Respiratórias – Cuidados com seu filho na estação mais fria do ano

As infeções respiratórias nas crianças são muito comuns principalmente quando a temperatura cai, deixando os pequenos mais suscetíveis a elas. Gripes e resfriados surgem com frequência, mas se não tratados corretamente podem acabar evoluindo e dando origem a situações mais graves que requerem hospitalização e cuidados especiais. Por vezes tornam-se recorrentes ou crônicas afetando significativamente a criança e a família.

Alguns fatores de risco que acabam favorecendo as doenças respiratórias nas crianças:

  • Exposição aos microrganismos através do contato com os irmãos e com outras crianças nas creches e escolas;
  • Fatores ambientais como o tabagismo passivo e a exposição a umidade, bolores e poluentes também predispõem as doenças respiratórias;
  • Predisposição genética;
  • A ausência de aleitamento materno prolongado também pode influenciar a menor resistências às infeções.

Uma das infecções respiratórias mais comuns em crianças menores de 2 anos é a BRONQUIOLITE, que é a inflamação da mucosa dos bronquíolos que são estruturas muito estreitas, dificultando desse modo a passagem do ar para os alvéolos. Os seus sintomas podem ser inicialmente muito sutis como agitação, perda de apetite, febre baixa e coriza com congestão nasal. Nos casos mais graves, o quadro progride para:

  • Dificuldade respiratória;
  • Retração da pele do tórax na região acima do esterno e entre as costelas (“tiragem”);
  • Irritabilidade;
  • Febre elevada;
  • Respiração acelerada;
  • Cianose (coloração arroxeada da pele e lábios).

LARINGITE E LARINGOTRAQUEÍTE

Outra doença respiratória muito comum é a laringite, que é a inflamação aguda da mucosa da laringe (onde se situam as cordas vocais) e da traqueia, provocando tosse irritativa e rouquidão (designada popularmente como “tosse de cão”). É habitualmente benigna e autolimitada, podendo ser  tratada em casa. Em crianças pequenas (menores de 3 anos, em que o calibre das vias aéreas é menor) ou nas crianças debilitadas, pode ser necessário internamento hospitalar. Os principais sintomas e sinais de laringite são:

  • Tosse seca irritativa em surtos incontroláveis, associada a um ruído característico intenso e de tonalidade grave;
  • Rouquidão persistente, audível durante a fala e o choro das crianças pequenas;
  • Dor de garganta e dor ao engolir alimentos;
  • Sensação de falta de ar (dispneia) e, nas situações mais graves como ocorre em crianças pequenas, com ruído inspiratório (“estridor”) e sinais de dificuldade de oxigenação: palidez, lábios roxos, depressão da pele do tórax acima do esterno e clavículas e entre as costelas (“tiragem”);
  • Febre e mal-estar geral, cansaço, arrepios, dores de cabeça, sono irrequieto. (o agravamento do quadro clínico surge frequentemente durante o sono).

São sinais de alerta para observação médica urgente:

  • Estridor inspiratório (som agudo durante a inspiração);
  • Dificuldade em engolir alimentos e mesmo saliva (criança baba-se);
  • Agitação e irritabilidade;
  • Respiração ruidosa e difícil;
  • Cianose (cor arroxeada dos lábios e nas unhas);
  • Febre alta.

PNEUMONIA

A pneumonia é uma doença viral, e mais frequente em crianças pequenas. Dependendo da idade, do estado geral da criança, da sua imunidade ou da existência de outras doenças associadas, a pneumonia viral pode variar desde uma infecção ligeira à uma doença grave e ameaçadora. As crianças com deficiências imunitárias apresentam maior risco de complicações graves. Os sintomas e sinais que acompanham habitualmente as pneumonias nas crianças são variáveis e predominantemente respiratórios. Em certas situações, pode contudo, não haver sintomas respiratórios e haver sintomas digestivos: vômitos, dores abdominais e febre.

Os sintomas característicos são:

  • Quadro infecioso agudo com calafrios e febre alta; em algumas situações pode decorrer sem febre alta;
  • Tosse intensa que pode ser seca ou com escassas secreções e que evolui para tosse produtiva com expetoração mucosa e depois purulenta (amarelo-esverdeada);
  • Dor torácica por vezes tipo pontada, mas que pode ser difusa e pouco intensa ou mesmo ausente;
  • Sensação de falta de ar (dispneia), respiração encurtada, rápida e difícil.

Para evitar as infecções respiratórias é importante tomar alguns cuidados, lembrando que prevenir é sempre melhor que remediar:

CUIDADOS NO BANHO

Os pais precisam estar atentos ao ambiente no qual ocorrerá o banho. Opte por um local sem correntes de ar e procure realizar esta higienização no final da manhã ou início da tarde, que são os períodos aonde a temperatura está mais elevada. O ideal é que a temperatura do lugar aonde será dado o banho esteja por volta dos 24 ou 25 graus, se necessário, utilize um aquecedor. Caso o use, deixe também uma toalha ou esponja molhadas no espaço do banho para manter a umidade do ar. Antes de colocar a criança na banheira, separe tudo o que você irá utilizar, como o sabonete, a toalha e as roupas. Apesar do frio, a temperatura da água não pode ficar muito elevada. O cuidado com a temperatura do ambiente e da água é necessário para evitar um choque térmico, ou seja, a transição rápida de um local quente para outro frio. Quando ocorre esta mudança brusca o sistema cardiovascular realiza todo um processo de adaptação, assim a criança começa a tremer e fica pálida. O banho deve ter um ritmo semelhante aos banhos em outras estações. Apenas nos casos de bebês prematuros, que possuem reserva de gordura menor quando comparado a outros recém-nascidos, recomendamos uma higienização mais rápida.

Assim que terminar de lavar seu pequeno não o leve peladinho para outro local mais frio. Enrole-o com uma toalha e seque bem, inclusive as dobrinhas. Feito isso, coloque uma camisetinha ou outra peça de roupa da parte de cima, caso isso não for possível, cubra o peito do bebê de forma que ele fique bem protegido e o transporte rapidamente ao local aonde será colocado as roupas nele.

CUIDADOS PARA A HORA DE DORMIR

Na hora de dormir os pais precisam ficar atentos para a escolha adequada das roupas e cobertas do pequeno. Quando o bebê dorme, ele se mexe portanto cobertores ou roupas pesadas limitam os seus movimentos, podendo até suprimir a respiração dele e causar a morte súbita. Por isso, os pediatras recomendam o uso de cobertas e roupas leves. Atualmente, no mercado, há diversas opções de tecidos quentes e que não são pesados, tanto para as roupas quanto para se cobrir, como os edredons.

Os cobertores costumam ficar guardados nos armários e são retirados apenas durante o inverno. Portanto, antes de usar é importante lavar e colocar no sol.  Isto evita os riscos de alergia no bebê e em toda a família.

CUIDADOS COM A PELE DO BEBÊ

Durante o banho, a água quente pode causar o ressecamento da pele do bebê. Portanto é importante usar um hidratante corporal, sob orientação médica. Também é comum no inverno os bebês e crianças pequenas ficarem com a pele, principalmente do rosto ressecada, isso acontece devido ao contato da pele com o ar gelado e seco, provocando desidratação cutânea. A solução para a pele ressecada do bebê é não exagerar na temperatura da água do banho, usar sabonete e shampoo sem álcool e passar creme hidratante no rostinho do bebê cerca de 2 minutos após o banho.

BROTOEJAS não são exclusividade apenas do verão, pois no inverno as mães costumam exagerar na quantidade de roupas, principalmente de lã, então as glândulas de suor ficam “entupidas” dando lugar as bolinhas vermelhas, principalmente nas dobrinhas dos bebês. Uma solução para este problema é vestir as crianças com várias camadas de roupas finas e ir tirando conforme a temperatura for aumentando.

CUIDADOS COM OS LÁBIOS

Os bebês babam muito, isto é normal, seja por causa dos dentes nascendo ou a falta de controle da saliva, o fato é que eles babam muito, por isso ande sempre com uma toalhinha para evitar que a roupa da criança fique muito encharcada. Mas com todo esse processo de “baba e seca” os lábios podem ficar rachados no inverno, devido ao vento e a temperatura baixa. A melhor solução para o problema é passar protetor labial para manter os lábios hidratados, sob orientação médica.

OUTROS CUIDADOS

Durante o inverno, é comum o pequeno sentir sede, isto ocorre devido ao ar seco, então ofereça água mais vezes e, se ele ainda estiver no aleitamento exclusivo, amamente com maior frequência. O clima também pode fazer com que os olhos fiquem irritados e o nariz seco, por isso pode ser necessário pingar um colírio ou utilizar soro no nariz do bebê. Lembre-se de consultar o médico antes de usar qualquer tipo de medicamento.

Procure fechar janelas e portas e evitar correntes de ar dentro de casa. Quando for passear com a criança certifique-se que esteja bem agasalhada, não mais que você, por menor que seja o bebê também sente calor.

HIPOTERMIA: A hipotermia é um assunto muito sério e pode levar a criança à morte, principalmente os recém-nascidos. Evite colocar o bebê em ambientes muito frios, procure vesti-lo adequadamente, colocar toucas pois cerca de 25% do calor do corpo do bebê se perde pela cabecinha, manter pés e mãos aquecidos com meias e luvas. Se notar as extremidades do corpinho geladas use um termômetro para verificar a temperatura do corpo, que deve estar acima de 36°, caso esteja abaixo aqueça-o enrolando em um cobertor, com o rosto descoberto e com a barriguinha junto à sua, para transmitir seu calor à ele, aqueça o ambiente que ele está exposto e entre em contato com o seu médico de forma que ele possa acompanhar a situação do bebê.

Com estes pequenos cuidados com bebês e crianças pequenas no inverno, com certeza essa estação será muito bem aproveitada!