Etapas do desenvolvimento motor: a importância das posturas intermediárias

Hoje temos participação especial do pessoal da PAEDI, um grupo multidisciplinar especializado em desenvolvimento infantil, fundado em 2008. Procura compartilhar informações sobre a primeira infância, seja por meio de cursos, atendimento domiciliar de famílias e desenvolvendo projetos em escolas de educação infantil. Confira suas dicas!

Todos, até quem não tem filhos, sabem que os bebês ficam no chão, depois tornam-se capazes de sentar e finalmente conquistam o andar. A grosso modo, essas são as principais e mais esperadas habilidades que o bebê adquire por volta do primeiro ano.

Porém, poucos se atentam para: Como o bebê chegou até aí? Qual o caminho percorrido até essas conquistas?

Perceber e valorizar as fases intermediárias desse processo é a chave para um desenvolvimento harmonioso, tranquilo e bem sucedido.

Antes que o bebê seja capaz de sentar, ele faz inúmeros movimentos no chão: abre os braços e se estica, alcança seus pés e se encolhe, vira a cabeça para todos os lados e se contorce, rola, pivoteia, brinca de barriga para cima, de lado e de barriga para baixo, se empurra para trás com a força dos braços, arrasta para frente usando as pernas, eleva o bumbum, se coloca gatinhas ou meio sentado e enfim se senta. Ufa! Uma verdadeira ginástica! Com muito teste, erro e nova tentativa. Repetição e mais repetição do que deu certo ou gerou prazer.

No plano horizontal o bebê tem mais autonomia. O chão permite explorar seu corpo e o que tem a sua volta sem risco de queda e com a liberdade de movimento necessária para progressivamente dominar seu corpo, perceber suas capacidades e conquistar as habilidades corporais que incrementarão seu brincar. Portanto, chão firme, espaço, tempo, objetos interessantes e presença de um adulto que compartilhe suas descobertas porém sem interferir (ou facilitar tudo), é o que o bebê precisa para seguir no seu desenvolvimento saudável.

Antes que o bebê saia engatinhando, existe uma fase preparatória em que ele fica em quatro apoios, balança para frente, para trás e diagonalmente, praticando a transferência de peso e fortalecendo a musculatura estabilizadora dos ombros e dos quadris.

Após engatinhar é natural que o bebê comece se apoiar nas superfícies para levantar, buscando a verticalidade. Consegue ficar em pé segurando, aprende também abaixar e depois começa dar passos para lateral com apoio. Nesta fase, é importante que o ambiente preparado para o bebê ofereça superfícies estáveis em que ele possa puxar para em pé. Sofá, estante, mesinha, grades do berço pelo lado de fora, portão, cadeiras e pessoas, tudo vira apoio onde ele tenta se levantar. Deixe que ele faça este esforço e interiorize a lei da gravidade.

Os passinhos para lateral tateando os móveis e a parede, são os precursores do andar independente. Deixe o bebê explorar bastante esta estratégia e contenha a ânsia de oferecer a mão e ajudar toda vez. Pois fazendo isso, tiramos a possibilidade dele encontrar seu próprio eixo, compensando com a nossa força todos os desequilíbrios. Sair empurrando cadeiras, caixas e brinquedos de empurrar é uma maneira mais natural e autônoma dele andar para frente.

Enfim ele consegue soltar as mãos do apoio e ficar em pé sozinho por alguns segundos! Depois aprende a se levantar do chão sem apoio e troca os primeiros passos, feito um robozinho. As pernas afastadas, braços um pouco elevados, passos curtos e rápidos buscam o equilíbrio. Progressivamente ele vai ganhando mais controle, os braços abaixam e fazem movimentos alternados com as pernas.

É de extrema importância que o bebê tenha a chance de testar seus limites, suas capacidades e sua força, explorando o espaço em todas as dimensões (frente, trás, dentro, fora, em cima, embaixo). Sem a interferência (ou a solução pronta) do adulto que tenta poupá-lo do erro ou do esforço, os quais na realidade lhe geram tanto prazer, aprendizado e sentimento de autoconfiança.

 

Leila Suzuki Saita Teixeira

Fisioterapeuta – Equipe PAEDI