Reggio Emilia – quais os seus fundamentos?

Quando surgiu a metodologia Reggio Emilia? Quais seus fundamentos? Quais materiais são utilizados? Saiba tudo aqui!

A abordagem educacional de Reggio Emilia, surgiu com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, muitas cidades foram devastadas no pós-guerra e na cidade Reggio Emilia localizada a 70 quilômetros de Bolonha no norte da Itália, famílias que haviam perdido tudo juntaram dinheiro com a venda de alguns itens dentre eles um tanque de guerra abandonado pelos alemães e construíram uma escola, inclusive utilizando tijolos das casas que haviam sido bombardeadas.

Essa escola que surgia, no entanto não era uma escola tradicional, era uma escola com conceitos inovadores, como a visão participativa entre adultos e crianças, afim de cooparticiparem na construção do conhecimento.

Em 1946 ao visitar a escola o professor Loris Malaguzzi encontrou ali uma oportunidade de aplicar todo o perfil visionário como pedagogo e uma comunidade que desejava uma escola melhor e diferente para seus filhos. A partir de Loris Malaguzzi que a filosofia educacional Reggio Emilia se tornou conhecida.

A filosofia baseada em Reggio Emilia, vê a criança como protagonista de todo o seu processo de educação, enxerga ela como agente mediador e potencializador de suas habilidades e competências. Ela enxerga a criança como um ser ativo e não passivo, em que são respeitadas suas potencialidades explorando elas das mais diversas formas de linguagem, as quais incluem aspectos expressivos, comunicativos, cognitivos, bem como sua imaginação, metáforas, simbologias, culturas, ou seja, tudo o que interfere direta e/ou indiretamente em seu processo de formação que incluem diálogo e interação.

Fundamentos da metodologia Reggio Emilia:

Reggio Emilia
https://www.archdaily.com.br/br/943136/a-importancia-do-ambiente-na-abordagem-reggio-emilia/

Família

Na metodologia Reggio Emília a família tem um papel essencial pois a educação não fica apenas de encargo da escola, mas existe uma mútua cooperação da escola e da família para que a criança tenho um desenvolvimento completo.

Professor

Na abordagem de Reggio Emilia, o professor ensina e também aprende, a aprendizagem em relação a criança vem da escuta, pois escutar segundo Malaguzzi é um modo ativo do adulto aprender e acolher o mundo das crianças, oferecendo assim as condições para que ela possa crescer e aprender. Assim os educadores entendem que a escola é um lugar para se fazer perguntas, em vez de valorizar apenas verdades e certezas. As qualidades especiais das crianças também são valorizadas e nutridas pelos educadores.

Espaço

O espaço é visto como um outro educador na metodologia Reggio Emilia, ou seja, o ambiente é desenhado e planejado para incentivar a interação entre as pessoas. Isso significa que a luz natural que advém da janela pode se tornar um forte componente no currículo.

Malaguzzi construiu seu pensamento pedagógico a partir de metáforas, e uma delas é de que a criança é feita de cem linguagem baseadas na reflexão do livro homônimo As Cem Linguagens da Criança – Volume 2: a Experiência de Reggio Emilia em Transformação, aonde crianças pequenas são encorajadas a explorar seu ambiente e se expressar “por meio de múltiplos caminhos e de todas as suas ‘linguagens’” como a linguagem: expressiva, comunicativa, simbólica, cognitiva, ética, metafórica, lógica, imaginativa e relacional”. Neste caso a escola “rouba” da criança 99 dessas linguagens e prioriza apenas a palavra. Baseado nesse conceito, Malaguzzi cria então a cultura do ateliê, local aonde a criança pudesse problematizar as diversas linguagens para se relacionar com o mundo.

“Valorizamos o espaço devido a seu poder de organizar, de promover relacionamentos agradáveis entre pessoas de diferentes idades, de criar um ambiente atraente, de oferecer mudanças, de promover escolhas e atividades e a seu potencial para iniciar toda a espécie de aprendizado social, afetiva e cognitiva. Tudo isso contribui para uma sensação de bem-estar e segurança nas crianças. Também pensamos que o espaço deve ser uma espécie de aquário que espelhe as ideias, os valores, as atitudes e a cultura das pessoas que vivem nele”. (Loris Malaguzzi, em 1984 in (EDWARDS; FORMAN; GANDINI, 2016, p. 148)

Materiais

Tanto quanto o ambiente os materiais também são muito valorizados, nas escolas municipais de Reggio Emilia, encontramos diversos materiais que não são aqueles convencionais de papelaria isso porque na diversidade de materiais podemos encontrar possibilidades das crianças agirem e construírem suas teorias e conhecimentos.

Registro

Os educadores são incentivados a manter um registro contínuo das atividades das crianças, incluindo fotos, vídeos ou gravações. Dessa forma é possível construir memórias do trabalho desenvolvido, chamado documentação pedagógica. A partir dessa documentação os educadores podem construir uma reflexão de percurso da criança e também de forma que ela própria acompanhe o processo de aprendizagem, buscando a memória vivenciada em relatos que poderão embasar outras vivências ao revisitar desenhos, pinturas, esculturas e colagens

Abordagem

As escolas Reggio Emilia utilizam o uso de pequenos grupos em projetos de aprendizagem, havendo uma continuidade entre professor e criança pois os professores trabalham com a mesma turma por três anos seguidos.

Inclusão Social

Há uma forte combinação de conceitos de serviços sociais e educação, pois “Crianças de todas as origens socioeconômicas e educacionais frequentam o local, sendo que crianças com deficiências recebem prioridade e plena integração, de acordo com a lei italiana. Mais de 14% da verba da cidade destina-se a esse sistema de educação infantil, que, no momento, inclui mais de 30 creches infantis e pré-escolas municipais, além de muitas outras pré-escolas e serviços conveniados para crianças de até seis anos.”


Aproveite e confira:


Parâmetros em comum nas escolas Reggio Emilianas:

(Extraído do Blog Archdaily)

Reggio Emilia
https://www.novidario.com.br/historias/linha-origem-inspirada-em-reggio-emilia/

1. Elementos arquitetônicos:

são entendidos como parte do material didático das aulas. Os tetos e as paredes, por exemplo, são importantes elementos de exposição e documentação das obras de artes (como esculturas, pinturas ou móbiles) feitas pelas crianças.

como funciona o método Reggio Emilia
https://www.archdaily.com.br/br/943136/a-importancia-do-ambiente-na-abordagem-reggio-emilia/5f04c984b3576588b3000172-improving-the-educational-environment-with-the-reggio-emilia-approach-photo?next_project=no

2. Iluminação natural: 

é aproveitada para criar efeitos de luz e cores que estimulam a curiosidade e a criatividade. Neste aspecto, lanternas, mesas de luz, focos de luz naturais e espelhos também contribuem bastante.

3. Ambiente aconchegante:

que visa a sensação de acolhimento está presente na atmosfera de interiores que devem estar sempre organizados e convidativos. 

https://www.archdaily.com.br/br/943136/a-importancia-do-ambiente-na-abordagem-reggio-emilia/5f04a00bb3576588b3000107-improving-the-educational-environment-with-the-reggio-emilia-approach-photo?next_project=no
espaço Reggio Emilia
https://www.archdaily.com.br/br/943136/a-importancia-do-ambiente-na-abordagem-reggio-emilia/5f049d84b3576588b3000104-improving-the-educational-environment-with-the-reggio-emilia-approach-photo?next_project=no

4. Flexibilidade: 

dos interiores que, de preferência não têm elementos fixos, para assegurarem rapidez e segurança na modificação proposta pelas próprias crianças. Por isso, a maioria das escolas reggianas possuem um mobiliário planejado normalmente em madeira. 

5. Praças centrais:

necessárias para promover espaços de encontro. Normalmente a organização espacial é feita por praças centrais (piazzas) para as quais convergem todos os ambientes do programa: grandes e pequenos ateliês, biblioteca, áreas administrativas, cozinha, refeitório, sanitários, espaços para brincadeiras com água etc. Quando o projeto não contempla uma praça central, um jardim é posicionado no lugar mais conveniente. Todos os itens de programa do edifício precisam ser eficientes e agradáveis. Não há marginalização entre os ambientes servidos e os servidores.

6. Paredes de vidro: 

tem a função de conectar jardins internos e externos. Oferecem maior incidência de luz natural, permitem brincadeiras com transparências e reflexos e, além disso, dão uma maior sensação de comunidade pois é possível ver outras crianças trabalhando entre as salas. 

https://www.archdaily.com.br/br/943136/a-importancia-do-ambiente-na-abordagem-reggio-emilia/5f04a062b357655d4600006b-improving-the-educational-environment-with-the-reggio-emilia-approach-photo?next_project=no

7. Banheiros lúdicos: 

onde os espelhos são comumente recortados em diferentes formatos para proporcionarem uma experiência mais divertida.

https://www.archdaily.com.br/br/943136/a-importancia-do-ambiente-na-abordagem-reggio-emilia/5f04a00bb3576588b3000107-improving-the-educational-environment-with-the-reggio-emilia-approach-photo?next_project=no

8. Recolhimento:

Há espaços menores estrategicamente posicionados para proporcionar refúgio para as crianças que sentirem essa necessidade emocional.

9. Ritmo e movimento: 

são valorizados. Eles estão presentes na organização ritmada dos espaços e dos elementos arquitetônicos e também no incentivo à atividades com essas características.

https://www.archdaily.com.br/br/943136/a-importancia-do-ambiente-na-abordagem-reggio-emilia/5f04a00bb3576588b3000107-improving-the-educational-environment-with-the-reggio-emilia-approach-photo?next_project=no

10. Organização e acessibilidade:

A organização do espaço permite que a criança reconheça a atividade que mais lhe interessa e que possa ter a autonomia de alcançá-las.

11. Democracia em treinamento:

Alunos e professores decidem diariamente as atividades do dia (dentre opções previamente selecionadas pelos professores). É bastante comum que haja um elemento arquitetônico como arquibancadas para abrigar essas assembleias.

Você gostou de saber mais sobre a metodologia Reggio Emilia?