Maternidade Insana: Ele é a sua cara!

Afinal de contas, porque as pessoas precisam fazer um “teste de DNA” visual toda vez que elas encontram uma criança com seus pais para dizer com quem eles são parecidos? Eu assumo, eu posso ter feito isso algumas vezes no passado, até achar isso meio estranho e bobo demais.

As pessoas fazem isso de forma tão automática que não se dão conta que um comentário mais fervoroso pode até insultar a mãe. Tipo: O que você está querendo dizer com isso? Que meu filho pode ser de outro? Que trocaram meu filho na maternidade? Que para eu adotar um filho ele tem que ser parecido comigo?

E olha que esta história começa no ultrasom. Você leva as imagens e o DVD para as pessoas verem, e logo alguém fala “Nossa, o nariz é igualzinho ao do pai”. Sério? Eu como mãe me esforcei para enxergar os dois braços e as orelhas, e ele já está enxergando um nariz parecido com o de alguém?

Aí vem o parto. O bebê nasce e está todo inchado ainda, mas tem alguém para falar “Ele é sua cara!”. Das duas uma: ou essa pessoa está falando que você está super inchada, o que provavelmente será verdade, ou que você está com cara de “joelhinho lindo”.

Mas você cai na pilha e começa a tentar descobrir com quem afinal de contas seu bebê parece, porque aparentemente é obrigatório ele parecer com alguém. Da família, de preferência! Você olha o dedão do pé e acha que parece com o do pai. A boquinha com certeza é da mãe. Cabelo? Da mãe. Cotovelo? Pai. Olhos? Se o pai tiver olhos claros, do pai. Se não, parece com o da mãe mesmo.

Aí o cabelo cai todo, o olho muda de cor na medida que ele cresce e de repente você precisa refazer toda a análise de semelhanças. Tudo bem que nós adoramos ficar olhando para nossos bebês, mas o fato é que com quem ele se parece é…..pouco importante.

E a busca de

semelhanças continua pelo comportamento. E aí entram as avós. Se o menino faz pirraça, a avó diz: “Filha, você não era assim”. O que por consequência passa a responsabilidade genética da pirraça para o pai. Mas se a mãe do pai, sua sogra está por perto, não leva o desaforo barato e diz: “AAhhh, mas pelo menos meu filho não era chato para comer, comia de tudo”. E enquanto elas listam todos os defeitos do seu filho, ele fica lá no meio da discussão tentando entender se ele tem algo de bom para oferecer.

Eu sei que várias pessoas vão discordar de mim, e provavelmente dirão que tenho essa opinião porque meus filhos não se parecem comigo, e que sou daquelas que brinca ou reclama dizendo que passou nove meses carregando o filho para ele se parecer com o pai, mas não é isso.

Eu simplesmente não entendo essa necessidade de falar de semelhanças. E tem gente que briga, fica chateado. Sei de mães que batem o pé dizendo que os filhos se parecem com ela e ponto final. E pais que ficam realmente chateados por não ter seus filhos parecidos com eles.

Se as crianças perceberem que precisam ser parecidas com alguém e não são, vão ficar confusas. Meu filho mais velho sempre me olha quando alguém diz que ele é a minha cara. Acho que ele pensa que ele é menino e eu menina, então que aquilo não pode rolar. Quando dizem que ele se parece com o pai, acho que ele pensa que tem mais cabelos, menos dentes e é um pouco mais bonito! (kkkkk..)

Mas o fato é que tem filho a cara da mãe e a cara do pai, e filho a cara dos dois e filho a cara de ninguém.  Quando alguém me fala que meus filhos são a minha cara, concordo. Quando falam que parecem com o pai, concordo também. O que eu vou dizer? Que parecem com o vizinho?! Tenham paciência….

A maternidade insana é mais tosca do que parece.

Amanda Gusmão

Mãe de dois meninos e de um blog, sou daquelas que tropeça e ri do próprio tombo. Mais normal que arroz com feijão, gosto de levantar a bandeira das "Sem bandeiras" na maternidade. Maternidade simples e divertida. Vamos lá?

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Amanda Gusmão

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