O teste da linguinha no recém-nascido

O teste da linguinha tornou-se obrigatório esse ano através de um Lei sancionada, mas o que você talvez não saiba é que ele foi muito controverso entre pediatras e fonoaudiólogos quanto a sua obrigatoriedade.

De um lado estavam os pediatras (não todos, claro) que afirmavam que o teste da linguinha, que na verdade é um protocolo de avaliação de frênulo lingual (freio da língua), já era feito e não precisava tornar-se obrigatório para evitar custos aos pais e também para evitar cirurgias desnecessárias que poderiam vir a serem sugeridas.

Do outro lado estavam os fonoaudiólogos, que diziam que um diagnóstico precoce poderia evitar problemas futuros na fala e na amamentação do bebê, e que o teste não precisaria ser feito por um especialista.

Mas afinal de contas, porque tanta discussão sobre o teste da linguinha?

O que é o teste da linguinha?

O teste da linguinha é uma avaliação dos aspectos físicos e funcionais do freio da língua, que fica na parte inferior da língua.

Na avaliação são analisados desde a postura dos lábios do bebê em repouso (boquinha fechada) até a forma como ele suga. A posição da língua e o formato da ponta dela durante o choro, se o frênulo é visível, sua espessura, local de fixação, a forma como o bebê suga o dedo mindinho do médico e como ele suga o peito da mãe, até o ritmo da mamada, coordenação com o ato de engolir e se morde o mamilo ou produz estalos enquanto mama são considerados e pontuados.

Através desta pontuação, o médico determina o grau de funcionalidade do freio da língua e se uma cirurgia é necessária ou não para corrigir.

Você pode ver uma cópia da avaliação AQUI.

Quando ele é feito?

Ele pode ser feito a qualquer momento, mas o ideal é fazer no primeiro mês de vida para tratar o quanto antes uma situação que esteja ou possa vir a prejudicar a amamentação, por exemplo.

E o que fazer se a amamentação estiver comprometida?

A recomendação é uma cirurgia simples e rápida chamada frenectomia, que consiste em um pequeno pique no frênulo feito com anestesia local e sem necessidade de internação.

É preciso lembrar que a língua desempenha as funções de sucção e deglutição, é essencial na mastigação e na fala. O frênulo lingual muito curto pode dificultar o desempenho dessas funções e fazer com que o aleitamento materno seja comprometido, ou que a introdução de fórmula para complementar a nutrição seja necessária.

Por isso é preciso entender que existe um universo muito grande de possibilidades a serem analisadas por um pediatra na evolução do bebê. Um pediatra comprometido com a mãe vai analisar todas as variáveis de uma situação antes de diagnosticar algum tratamento. Por isso, escolha bem quem acompanhará o desenvolvimento do seu bebê (AQUI tem dicas excelentes!)

As mães mais inseguras que chegam aos consultórios pediátricos e são informadas que o bebê não está ganhando peso pensam imediantamente que o seu leite é fraco. O leite é mutante e vivo (leia AQUI e entenda porque ele se transforma), se adapta as necessidades do bebê, por isso nunca será fraco e não será o motivo do peso não estar aumentando dentro do esperado.

Corrigir o frênulo lingual curto posteriormente é possível, mas o resultado pode não ser integralmente satisfatório, uma vez que a criança já terá iniciado seu aprendizado da fala.

Então, dentro dessa discussão toda, se deve ou não ser obrigatório, eu concordo com os pediatras e fonoaudiólogos, mas acredito que a escolha do pediatra será fundamental para ter sucesso no acompanhamento da saúde dos nossos filhos, independente de obrigatoriedade ou não deste tipo de teste.

Por isso fique sempre atenta e conte para a gente como você escolheu seu pediatra e se ele fez o teste da linguinha antes ou depois da Lei que o torna obrigatório.