Entrevista Tathiana Schulze do blog Mamãe Real

Hoje é dia de entrevista com mais uma mamãe! Dessa vez vamos conhecer um pouquinho da Tathiana Schulze do blog Mamãe Real. Ela é curitibana, mas mora desde 2003 em Atlanta, EUA, com seu marido e três filhos, todos homens!

1. Qual foi a maior coisa que você teve que abrir mão nesses últimos anos?

Meu maior sonho sempre foi ser mãe. Claro que quando meu primeiro filho nasceu fiquei um pouco chocada com as mudanças que uma criança traz. Mas acredito que nossa vida é feita de estações, e esta estação da infância dos nossos filhos é uma estação tão linda que acabo nem prestando tanta atenção ou dando muita importância às mudanças que ela trouxe. Me sinto mais cansada no fim do dia mas me sinto realizada também. Abri mão de muitas coisas, mas olhando pra trás acho que abrir mão dessas coisas me fez uma pessoa mais leve. Por exemplo, abri mão de sempre ter a casa arrumada; abri mão de sempre terminar a minha lista de afazeres antes de ir pra cama ou ir dar uma caminhada no parque com meus filhos, abri mão do meu perfeccionismo. Abri mão de trabalhar fora de casa, o que me fez perceber que meu valor não está no quanto de dinheiro eu ganho por mês. Olhando pra trás, abrir mão dessas coisas me fez uma pessoa melhor, uma pessoa mais misericordiosa e graciosa comigo mesma e com os outros; uma pessoa que consegue encontrar alegria e beleza nos dias reais, aqueles cheios de altos e baixos, e que não espera o momento perfeito pra ser feliz!

2. O que você faria se tivesse 3 horas a mais no seu dia?

Sabe que nunca tinha pensado nisto?!!! Sou bem realista (as vezes até demais rsrsrs) e não fico imaginando muito! Provavelmente, usaria o tempo extra pra fazer alguma atividade ao ar livre. Amo natureza, sol, brisa, verde, cheirinho de chuva. Acho que se tivesse algumas horinhas extras por dia sairia dar uma caminhada numa trilha, subir uma montanha ou nadar em um lago, num rio! Essas coisas recarregam minha energia!

3. Ser mãe fez você ficar mais careta?

Acho que não! Acho que ser mãe me fez ficar mais feliz, mais segura, mais divertida, mais desencanada, mais flexível e menos preocupada com a opinião dos outros rsrsrs. Na correria, já fui buscar meu filho na escola de pantufa, já saí sem pentear o cabelo e com aquele moletom velho de ficar em casa. Também voltei um pouco a ser criança e curto tomar banho de chuva ou de mangueira com eles, brincar de guerra de balão de água e cantar no carro. Acho que ser mãe me deixou mais leve e parei de levar muito a sério coisas bobas, que não merecem atenção.

4. No momento o que você mais precisa? conversar ou ficar em silêncio?

Conversar com adultos rsrsrs. Amo a companhia dos meus filhos, mas às vezes fico louca pra trocar a conversa sobre trens, carrinhos e futebol por um bate-papo com amigas.

5. O que mudou nas suas amizades desde que seus filhos nasceram?

Continuo tendo amigos queridíssimos que não tem filhos ou já tem filhos adultos e aprendo muito com eles mas a verdade é que no dia a dia acabo convivendo mais com amigos que estão vivendo a mesma fase que eu, ou seja, também tem filhos pequenos. No começo, com o primeiro filho, tentamos manter o mesmo ritmo de antes, ou seja, ir bater papo por horas com casais sem filhos no restaurante ou tomar um café num lugar legal. Mas não demorou muito pra perceber que era um pouco estressante para nós e também para o bebê ficar num lugar que não era apropriado pra crianças. Então naturalmente, nos aproximamos mais das pessoas que tem as mesma agenda e necessidade que a gente. Acabamos fazendo planos pra passeios e encontros nos quais também as crianças se divirtam e se encaixem bem. E este é um conselho que sempre dou pra mães que me escrevem dizendo que se sentem muito sozinhas: faça amizades com pessoas que estão passando por estas mesmas dificuldades e alegrias que você! Elas entendem as birras, os choros por causa de cansaço e os cancelamentos de última hora porque uma das crianças ficou doente! Querendo ou não, e acho que isso é natural e um dia também faremos isso quando nossos filhos crescerem, as pessoas que já não tem mais criança em casa não tem a mesma paciência pras interrupções constantes. Quem nunca ouviu: “meu filho nunca fez isso”? Pelo jeito só fica a memória das coisas boas rsrsrs que bom!

6. Você tem medo de quê?

Ouvi uma frase que me impactou muito e transformou a minha forma de ver a vida: “Nosso maior medo não deveria ser o medo de falhar, mas sim o medo de obter sucesso em coisas da vida que não tem nenhuma importância.” (Francis Chan). Creio que meu maior temor é perder meu foco do que realmente importa e quando estiver velhinha, olhar pra trás e me arrepender. Por isso sempre busco lembrar-me a mim mesma que o que importa na vida são os relacionamentos que construímos, as pessoas que impactamos de alguma forma, as mãos que estendemos, as risadas que sorrimos. Todo o resto, como coisas materiais, títulos e orgulho, perdem seu valor!

7. O que você aprendeu com seus filhos?

Aprendi tanta coisa…. provavelmente uma das coisas mais importantes que aprendi foi desacelerar e viver o momento presente. Sempre fui muito ocupada, agitada e sempre vivia no momento futuro. Meus filhos me ensinaram a desacelerar e curtir o momento presente. Já não ando com tanta pressa como antes. Quando estou num parque brincando ou deitado agarradinho no sofá lendo um livro, estou ali de corpo e alma, estou curtindo e guardando aquele momento no meu coração. Também aprendi a usar meu tempo com mais sabedoria. Uma vez uma terapeuta me disse que sempre que dizemos sim para uma coisa, estamos dizendo não para outras coisas, pois o tempo que temos é limitado e não conseguimos estar em dois lugares ao mesmo tempo. Por causa deles, aprendi a dizer “não” para certas atividades e oportunidades para ter tempo pra curtir esta fase tão linda, chamada infância.

8. Qual foi o maior desafio que você enfrentou com a maternidade?

Bem, falando de uma forma profunda, é não ser controladora. Tenho a personalidade forte e uma das coisas que não quero fazer é ser uma mãe controladora, que quer encaixar seus filhos dentro da caixinha de expectativas que ela mesma criou. Tenho que me policiar com relação a isso. Quero dar liberdade a eles para serem quem eles são, usar os dons e talentos que Deus lhes deu. Não quero que eles se sintam presos às minhas expectativas com relação ao futuro e escolhas deles. Acho que o amor dá liberdade! Falando de coisas simples do dia a dia, foi o fato de não ter família por perto. Sou só eu e meu marido morando aqui nos EUA. Ele me ajuda muito, mas é dificil quando alguém fica doente, ou quando tenho uma reunião na escola ou até mesmo pra fazer compras no supermercado, sempre preciso levar os três comigo. Faz muita falta não ter a vó por perto.

9. Cite 3 coisas pelas quais você pode ser grata hoje.

O presente da vida, dado por Deus; minha família e a oportunidade de servir e ajudar outras mamães nesta jornada através do blog.

10. Dê uma dica de mãe para mãe.

Acho que todas nós reconhecemos que ser mãe é um presente de Deus e todas nós amamos nossos filhos mais do que tudo. Por outro lado, tantas vezes nos cobramos tanto, deixamos nos levar pelas expectativas dos outros, cedemos aos padrões culturais do que é uma mulher perfeita, e quando percebemos, perdemos a alegria e nos frustramos nesta jornada chamada maternidade. Mas se por um momento tirarmos nossos olhos dos problemas, das dificuldades e da loucura do dia a dia, poderemos voltar nossos olhos pro presente enorme, pelo dom da vida. Sei que é clichê mas nossos filhos crescem rápido demais. Não se estresse tanto com os brinquedos no chão, com a roupa pra lavar. Está bem ter a casa um pouco menos limpa e comer uma comida comprada de vez em quando se isso significa uma mãe mais feliz. Nossas famílias não precisam de perfeição, mas precisam de graça, de uma mãe misericordiosa e alegre. E confie em Deus. Isaías 40:11 diz : “O Senhor guia gentilmente aquelas que tem tem crias pequenas”. Deus pode te guiar nesta jornada tão linda!

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